Na quarta-feira (3) entraram em vigor as novas regras relativas aos juros do rotativo do cartão de crédito , modalidade campeã quando o assunto é o endividamento da população brasileira.
A mudança, que estabeleceu um teto de 100% da dívida original para a aplicação de juros, está dando muito o que falar, e reacende a discussão a respeito dos riscos relacionados ao uso do cartão de crédito, uma ferramenta importante para muitas pessoas, mas que pode se tornar um perigo para as finanças se não houver um bom planejamento para arcar com o valor da fatura.
Uma pesquisa realizada pelo Datafolha e divulgada no mês de dezembro aponta que 56% dos brasileiros acima dos 16 anos (idade mínima para ser titular) têm cartões de crédito, sendo a maioria deles homens com renda familiar mensal de 5 a 10 salários mínimos e maior grau de escolaridade.
Dentre as sete modalidades de serviços de crédito analisadas pelo Datafolha (cheque especial, cartão de crédito, carnê de loja, empréstimo em banco, financiamento de veículo e empréstimo contratado em financeiras), foi constatado que 17% das pessoas está com pagamentos atrasados em pelo menos um desses serviços.
O “campeão” de inadimplência é o cartão de crédito, com uma taxa de 10%, seguido pelos carnês de lojas (3%), empréstimos bancários (3%), empréstimos com financeiras (2%) e cheque especial (2%). Um levantamento semelhante foi feito no ano de 2015 e, em comparação, houve estabilidade nos índices de inadimplência aferidos.
Esses dados revelam outro fator que dificulta a organização financeira de indivíduos e famílias no Brasil. Sem conseguir arcar com as contas do cotidiano e serviços de crédito utilizados, uma parcela significativa da população não tem reservas financeiras de emergência, nem consegue juntar dinheiro pensando a longo prazo na aposentadoria.
A pesquisa mostra que apenas 33% das pessoas têm reservas de dinheiro para emergências. Nesse grupo, 10% afirma que guardou o suficiente para manter seu padrão de vida por menos de três meses; 10% podem se manter por um período de três a seis meses; 6% têm reservas para algo entre seis meses e um ano; e outros 6% guardaram o bastante para mais de um ano.
A taxa de pessoas que têm reserva financeira de emergência fica acima da média entre os homens, na faixa etária de 25 a 34 anos, na população com maior grau de instrução e renda familiar mensal superior a 10 salários mínimos.
A pesquisa quantitativa com abordagem pessoal em pontos de fluxo populacional foi feita por meio de entrevistas aplicadas com questionários estruturados. Com abrangência nacional, a pesquisa entrevistou 2.004 pessoas com 16 anos ou mais, distribuídas entre 135 municípios, no dia 5 de dezembro de 2023. A margem de erro máxima para o total da amostra é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos, com nível de confiança de 95%.
Fonte: IG