Os cerca de 150 analistas do mercado consultados semanalmente pelo Banco Central (BC) alteraram a previsão dos principais indicadores da economia brasileira para este ano. Eles elevaram, por exemplo, pela segunda vez seguida a projeção da taxa básica de juros do país, a Selic, para 2024, e, pela primeira vez em semanas, para 2025. Além disso, aumentaram pela décima vez consecutiva a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e subiram a projeção do dólar entre 2024 e 2027. A estimativa de inflação, que estava em queda, também aumentou.
A segunda alteração seguida da Selic é a correção de cenário de maior destaque no atual boletim. A estimativa da taxa permaneceu por 16 semanas – desde 22 de dezembro, há quatro meses, portanto – em 9% para 2024. Na semana passada, ela subiu 9,13%. Agora, alcançou 9,50% ao ano.
A mudança de humor do mercado com a Selic é um sinal do aumento das incertezas tanto no campo internacional como no doméstico. No exterior, está cada vez mais distante a perspectiva de redução de juros nos Estados Unidos. Hoje, eles estão fixados no intervalo de 5,25% e 5,50%. Os analistas previam que a taxa poderia começar a baixar em março deste ano. Agora, essa estimativa foi empurrada para dezembro.
No campo interno, as incertezas recrudesceram, notadamente, com a mudança de meta fiscal para os anos de 2025 e 2026, anunciada pelo governo Lula na semana passada.
Sinal de corte menor
A alteração do Focus também é uma indicação de que o mercado tem sérias dúvidas sobre o próximo corte da Selic. Na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), do BC, realizada entre 19 e 20 de março, o órgão sinalizou um horizonte mais curto para as reduções de 0,5 ponto percentual, que vinha executando desde agosto do ano passado. Uma nova reunião do colegiado do BC ocorrerá em 7 e 8 de maio, quando um novo valor da taxa será discutido. Hoje, ela está fixada em 10,75%.
Alguns economistas e instituições financeiras, porém, já projetam a Selic num patamar bem mais alto. Nesse caso, as estimativas já bateram deste a semana passada entre 9,50% e 10% para o fim de 2024. Note-se que o Focus desta semana também elevou a projeção da taxa para 2025. Ela passou de 8,50% para 9%. A estimativa para 2026 manteve-se em 8,5% ao ano.
A taxa básica de juros é o principal instrumento do Banco Central para tentar conter a inflação. Isso porque, quando ela sobe, a atividade econômica tende a diminuir. A Selic tem grande peso no mercado. Ela é utilizada nas negociações de títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência para as demais taxas da economia.
Inflação
Outra alteração expressiva do Focus desta semana diz respeito à inflação. O mercado vinha prevendo queda dos preços e, agora, reverteu essa perspectiva. Para 2024, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do país, deve terminar o ano em 3,73%. Na semana passada, o valor era de 3,71%. Para 2025, a previsão passou de 3,56% para 3,60%, na terceira alta seguida.
PIB em alta pela 10ª vez
Na última edição do Focus, o mercado também subiu pela décima vez seguida a previsão do PIB para 2024. Ela passou de um crescimento de 1,95% para 2,02%. Há um mês, estava em 1,85%. O Ministério da Fazenda prevê um avanço de 2,2% do PIB para este ano. Para 2025 e 2026, o mercado manteve a estimativa de crescimento da economia em 2%.
Dólar
Os analistas consultados pelo BC também alteraram à projeção para dólar deste ano, que deu um salto na semana passada, quando chegou a ser cotado a R$ 5,30. Conforme o Focus, a moeda americana deve fechar 2024 a R$ 5,00. Na semana passada, esse número era de R$ 4,97%. Para 2025, a estimativa subiu de R$ 5,00 para R$ 5,05. Para 2026, ela passou de R$ 5,03 para R$ 5,10. Houve mudança até para 2027, cuja previsão passou de R$ 5,07 para R$ 5,10.
Fonte: Metrópoles